“Já”
é o mais novo projeto do Camará, uma homenagem feita por nove
compositores baianos ao gênio literário de Jorge Amado, justamente
no ano após a enxurrada de comemorações de seu centenário de
nascimento, em 2012. “Esta é a ideia: para celebrar Jorge,
qualquer tempo é tempo”, explica o diretor artístico do grupo,
Paulo Rios Filho. “A hora da homenagem é já!”, completa.
Sete
obras inéditas já estão sendo ensaiadas pelo Camará Ensemble.
Quatro delas são canções, que utilizam trechos e alusões textuais
feitas às obras do escritor, cantados por uma soprano solistas; e
outras três são peças instrumentais, baseadas sempre em algumas
frases ou histórias inteiras contadas por Jorge.
O concerto de estreia será regido, especialmente, pelo premiado compositor e maestro norte-americano Jack Fortner, admirador da Bahia e da obra de Jorge e especialista em performance de música de concerto contemporânea.
Uma
das obras é uma composição coletiva feita por três jovens
compositores, estudantes do curso básico da Escola de Música da
UFBA – Emilio Le Roux, George Christian e Pedro Garcia –,
orientados pelo compositor Vinícius Amaro e pelo diretor artístico
do grupo, Paulo Rios Filho. De “catuaba” a “políticos imundos
e gordos”, as três miniaturas que compõem a obra coletiva
passeiam por diferentes climas sugeridos em frases de obras como
Quincas Berro D'Água e Capitães da Areia.
Capitães
da Areia foi a obra que inspirou também o compositor Pedro Kröger,
para compor a sua lírica Noite
no Trapiche. Wellington
Gomes decidiu não se ater a uma obra, mas fazer um apanhado de
figuras criadas pelo romancista, em Personagens
de Jorge.
Em tom rapsódico, a cantora anuncia a personagem da vez, acompanhada
por uma música de gestos fortes, que descrevem as personalidades
evocadas e paisagens marcadamente baianas.
Rodrigo
Garcia, compositor gaúcho radicado em Salvador, faz dançar três
Jubiabás: a obra de Jorge e as canções de Gerônimo e Gilberto
Gil. Marcos Sampaio, que é professor de composição na UFBA,
estreia a sua obra Octaedro, que constrói uma série de significados
especiais do número oito para a vida do escritor baiano. Alex
Pochat, figura conhecida na cena rock de Salvador, é o compositor do
exórdio da noite, abrindo as portas para a celebração com a reza
de “O Vice-Versa”.
Fechando
a noite, a obra “A Bahia tá viva!”, de Paulo Costa Lima, é uma
salada feita com o texto de uma carta de Dorival Caymmi escrita ao
seu amigo Jorge, mais referências à paródias de protesto do
cancioneiro baiano, bem como a citações de canções de carnaval da
época da juventude de Amado.
O
concerto é composto pela participação de diversas formações
instrumentais, desde o trio até uma formação de orquestra de
câmara, com o total de dez instrumentistas, além dos cantores,
solistas das canções. Com um pé fora do formato típico de
concerto, o espetáculo Já
envolve também a interação com vídeo, bem como a intervenção de
material sonoro pré-gravado.
Já é uma realização do Camará Ensemble, com produção da Agência Agosto e conta com o especial apoio da Escola de Música da UFBA, do Restaurante Grão de Arroz/Viva o Grão, Armazém do Reino e Hotel Boutique A Casa das Portas Velhas.